sexta-feira, 2 de abril de 2010

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Hoje devia ser dia de festa...
Devia haver prendas e ramos de flores a entrar pela casa. Devia haver beijos, abraços apertados e crianças a cantar os Parabéns alto e bom som.
Hoje o telefone devia tocar incessantemente e deviamo-nos embonecar para irmos jantar fora todos juntos.
Hoje, devia haver alegria, como todos os anos... Mas não há.
Em vez disso, há saudades. Muitas. Tantas que não sei o que fazer com elas. E tristeza, daquelas que teima em não passar, nem por um bocadinho. E revolta, porque não é justo que um dia destinado a ser feliz, se transforme de repente num dia tão vazio e doloroso.
Hoje, no dia em que sempre te celebrámos, a tua ausência torna-se ainda mais evidente, pesada e irremediável. Hoje, queria dar-te mimos e receber o teu colo.
Queria dizer-te que sem ti me sinto completamente perdida e passo o tempo a fingir que sei o que estou a fazer. Mas não sei. A verdade é que não tenho a mínima ideia do que devo fazer nem para onde devo ir e todos os dias me custa sair da cama e enfrentar o mundo cá fora. Este mundo incerto e injusto, onde num dia temos uma família e no seguinte temos um buraco gigante no peito.
Hoje será sempre o teu dia. E eu não sei como passá-lo sem ti.

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