terça-feira, 29 de dezembro de 2009

One Holiday down, one to go

E parece que sobrevivi ao Natal... Com dificuldade, mas sobrevivi.
Para conseguir tal feito, usei uma técnica muito conhecida do sexo feminino:
Mandei as lágrimas, a tristeza, a frustração e as esmagadoras saudades pela goela abaixo e pus muita comida por cima para empurrar. Estou portanto um pote, mas pelo menos não passei 24h horas a bater com a cabeça nas paredes.
Apesar de doloroso, foi bom ter os irmãos e a sobrinhada por perto, porque mesmo nos piores momentos, as crianças conseguem sempre fazer ou dizer qualquer coisa que nos faz sorrir.
E entretanto, fiquei ainda com mais certeza de que o meu Pai é o meu herói, que suportou este Natal e o seu sexagésimo aniversário estoicamente.

Próxima etapa: Ano Novo... Este ano, tenho grandes mixed feelings em relação a esta data: por um lado, só queria que chegasse depressa a meia-noite do dia 1 de Janeiro para poder dar finalmente como terminado o pior ano da minha vida. Por outro, nesta altura em que por todo o lado se fazem planos e balanços, é-me impossível não olhar para estes meses de sofrimento, angústia e luto sem lembrar que há momentos que nunca poderei recuperar, coisas que nunca mais poderei viver e que eu própria nunca mais serei a mesma.
Racionalmente e sem qualquer vontade de vitimização, é-me verdadeiramente difícil encontrar motivos para olhar com esperança para 2010. Sei que preciso urgentemente de mudança, mas não encontro o modo de a concretizar e isso faz-me temer que este seja mais um ano de expectativas goradas.
Mas tenho de encontrar maneira de encarar o início do novo ano como uma porta para 12 meses de novas e melhores possibilidades . E vou encontrar...Nem que seja, na madrugada de dia 1, no fundo de uma garrafa qualquer.
I'll let you know.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal...

Este será o Natal mais triste de sempre...
Não há árvore grande e reluzente a brilhar junto à janela, não há cheiro a rabanadas pela casa, não há velas espalhadas por todo o lado e, acima de tudo, não há motivos para celebrar.
Em minha casa, o Natal sempre teve luzinhas, presépios, fitinhas, muitos embrulhos debaixo da árvore, muita comida e doces (tudo caseiro) e os preparativos começavam com antecedência: aos primeiros dias de Dezembro, a árvore e o presépio já estavam montados, a casa toda decorada, a lista de prendas feita e a ementa pensada.
Nas semanas que se seguiam, faziam-se as compras (primeiro as prendas, depois a comida) e a partir de dia 22 começava a azáfama na cozinha. Preparavam-se recheios, molhos, patés, doces e bolos variados. Passava-se a ferro a linda toalha de mesa com motivos natalícios e pensava-se no centro de mesa.
Os natais que passei na minha casa, sempre foram um sucesso: a comida era devorada com entusiasmo, as prendas abertas com alegria, os parabéns dados ao "menino jesus" da família. E, nos últimos anos, juntou-se a tudo isto a magia da nova geração a acreditar no Pai Natal e a abrir as prendas com o fervor inimitável das crianças.
Este ano, não vai ser assim... Este ano, vai haver saudades, vai haver um buraco gigante no peito e o sabor do Natal não vai ser doce, como de costume.
Este ano traz consigo a evidência de que nunca mais será possível passarmos esta época todos juntos, porque o todos de sempre já não existe. Os sabores nunca mais serão os mesmos, as decorações nunca mais serão iguais, os embrulhos nunca mais ficarão tão perfeitos e, sobretudo, os corações nunca mais ficarão tão cheios.
Ainda assim, neste ano em que tudo mudou para pior, estaremos juntos e tentaremos ser contagiados, nem que seja só um bocadinho, pela alegria e pureza das crianças. Porque eu tenho a esperança secreta de que no dia de amanhã, quando estivermos juntos, nos sentiremos mais perto de ti.*

A quem por aqui passa, desejo um Natal Feliz e cheio de paz. E não se deixem contagiar pela minha tristeza. Pensem antes naquilo e, principalmente, naqueles que têm de bom e não deixem de mostrar a quem vos é mais querido que é importante tê-lo(s) por perto, nestes dias e em todos os outros.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

My wish for the season

Won't this fucking year just end??!

Aviso à navegação

Juro que se ouço, mais uma vez que seja, o Jingle Bells a tocar na merda do elevador do trabalho ou se mais alguém me atende o telefone com um "espirituoso" Ho Ho Ho, não me responsabilizo pela linguagem utilizada, nem por quaisquer danos materiais e/ou físicos que possa vir a causar.
Está tudo avisado.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Earthquake night

Ontem à noite, pela 1.35 h., mais coisa menos coisa, estava eu ao telefone com uma grande amiga (com quem geralmente não estou ao telefone a essas horas, mas que por contigências ligadas ao sexo oposto, estava a hiperventilar e eu achei por bem dar uma palavrinha para lhe facilitar a respiração) quando, de repente, o meu sofá começa todo a tremer e os copinhos a tilintar na garrafeira, como se não houvesse amanhã.
"Ai, está tudo a abanar...," diz a C. do outro lado do telefone. "Aqui também! É um tremor de terra!", respondo eu incrédula e acagaçada.
Alguns segundos de "ai, ai, ai" depois, a terra parou de tremer, mas eu não. Falei ao telefone mais um bocadinho com a C., depois com a minha prima J. e a seguir com o meu pai.
Senti a pulsação acalmar um pouco, mas, ainda assim, sozinha em casa, senti todo o peso da nossa vulnerabilidade perante a vontade da Natureza.
"E se vem aí um maior? Ai, ainda tenho tanta coisa por fazer! Pára de tremer feita parva! Era nesta altura que me dava jeito ter um gajo por perto...", foram apenas alguns dos pensamentos que me invadiram.
Mas na realidade, todos se poderiam resumir num só:
"F*da-se, somos mesmo pequeninos!"

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Coisas que melhoram o humor de uma gaja pela manhã


O chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi, foi hoje atingido no rosto com um murro, caiu por terra, a sangrar, e foi conduzido ao hospital de San Raffaele, em Milão.

in Público (edição online), 13/12/09

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

"Feriado"

Enquanto o resto do país rejubila perante a existência de mais um feriado (que para muitos incluiu também dia de ponte), eu continuo a desenvolver o meu próprio conceito muito particular de feriado, a saber:
Entrar no trabalho às 7h da manhã, pedrada com Brufen e Hydrotricine para evitar piorar das magníficas dores de garganta que me assolam desde ontem; não fumar desde as 14h do dia anterior porque a consciência me sussura ao ouvido "se fumares e ficares pior, é bem feito!"; estar sentadinha ao computador há três horas e já ter tido tempo para ler o jornal, visitar os blogs todos que conheço, chupar duas pastilhas para a garganta, tomar duas canecas de chá e pensar "F*da-se, para não fazer nada, sempre preferia não fazer nada em casa".
E quanto menos se faz, mais o tempo custa a passar; e à porta do prédio não se pode estar porque as pessoas parecem umas formiguinhas ridículas, todas a empurrarem-se centro comercial adentro, na esperança de serem as primeiras a conseguiur "aquelas calças da Zara p'á minha mai'nova" ou "o jogo que o meu piqueno viu lá na Fnac".´
É Dezembro, está frio, a garganta está melhor mas ainda não está boa, não há trabalho suficiente para fazer passar o tempo e por todo o lado só se fala de Natal, brilham luzinhas, pensam-se em prendas, quando eu só gostava de adormecer algures por volta de dia 20 de Dezembro, acordar já em 2010 e ser poupada à febre da quadra festiva, que para mim já não faz qualquer sentido.
Fecho os olhos e lá está outra vez a imagem do meu Oásis: sofá e manta quentinha. Mal posso esperar pela hora de saída para "viajar" até lá lá e esquecer por uns minutos que para o resto do país, hoje é feriado, e para mim é só mais um dia-não.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Copenhaga

Hoje, 56 jornais em 44 países dão o passo inédito de falar a uma só voz através de um editorial comum [sobre Copenhaga]. Fazemo-lo porque a Humanidade enfrenta uma terrível emergência.Se não nos juntarmos para tomar uma acção decisiva, as alterações climáticas irão devastar o nosso planeta, e juntamente com ele a nossa prosperidade e a nossa segurança. Desde há uma geração que os perigos têm vindo a tornar-se evidentes. Agora, os factos já começaram a falar por si próprios: 11 dos últimos 14 anos foram os mais quentes desde que existem registos, a camada de gelo árctico está a derreter-se, e os elevados preços do petróleo e dos alimentos no ano passado permitiram-nos ter uma antevisão de futuras catástrofes.
(...)
Exortamos os representantes dos 192 países reunidos em Copenhaga a não hesitarem, a não caírem em disputas, a não se acusarem mutuamente, mas sim a resgatarem uma oportunidade do maior fracasso político das últimas décadas. Não deverá ser uma luta entre os países ricos e os países pobres, ou entre o Oriente e o Ocidente. O clima afecta-nos a todos, e deve ser solucionado por todos.
A ciência é complexa mas os factos são claros. O mundo precisa de dar passos em direcção a limitar o aumento de temperatura a apenas dois graus centígrados, um objectivo que exigirá que as emissões de gases a nível global alcancem o seu máximo e comecem a diminuir durante os próximos cinco a dez anos.

(...)
Poucos acreditam que Copenhaga ainda consiga produzir um acordo completamente definido (...). Mas os políticos presentes em Copenhaga podem, e devem, chegar a um acordo sobre os elementos essenciais de uma solução justa e eficaz e, ainda mais importante, um calendário claro para a transformar num tratado. O encontro das Nações Unidas sobre alterações climáticas do próximo mês de Junho em Bona (Alemanha) deverá ser a data-limite. Segundo um dos negociadores: “Podemos ir a prolongamento, mas não nos podemos dar ao luxo de uma repetição do jogo.”
(...)
As nações ricas gostam de fazer notar a verdade aritmética de que não poderá haver solução até que gigantes em desenvolvimento como a China tomem medidas mais radicais do que têm feito até agora. Mas os países ricos são responsáveis pela maioria dos gases de carbono acumulados na atmosfera – três quartos de todo o dióxido de carbono emitido desde 1850. São eles que agora devem dar o exemplo, e cada país desenvolvido deve comprometer-se com cortes maiores, que dentro de uma década reduzirão as suas emissões para substancialmente menos que o seu nível de 1990.
Os países em desenvolvimento podem argumentar que não foram eles que criaram a maior parte do problema, e também que as regiões mais pobres do globo serão as mais duramente atingidas. Mas vão cada vez mais contribuir para o aquecimento, e por isso devem comprometer-se com as suas próprias medidas significativas e quantificáveis.

(...)
A justiça social exige que os países industrializados ponham a mão mais fundo nos seus bolsos e garantam verbas para ajudar os países mais pobres a adaptarem-se às mudanças climáticas, e tecnologias limpas que lhes permitam crescer a nível económico sem com isso aumentarem as suas emissões.

(...)
A transformação será dispendiosa, mas muito menos do que a conta que se pagou para salvar o sistema financeiro internacional – e ainda muito mais barata do que as consequências de não fazer nada.
Muitos de nós, particularmente nos países desenvolvidos, teremos que alterar os nossos estilos de vida. A época dos voos de avião que custam menos do que a viagem de táxi para o aeroporto está a chegar ao fim. Teremos que comprar, comer e viajar de forma mais inteligente. Teremos que pagar mais pela nossa energia, e usar menos dessa mesma energia.
Mas a mudança para uma sociedade com reduzidas emissões de gases de carbono alberga a perspectiva de mais oportunidades do que sacrifícios. Alguns países já reconheceram que aceitar as transformações pode trazer crescimento, empregos e melhor qualidade de vida.

(...)
Superar as mudanças climáticas exigirá o triunfo do optimismo sobre o pessimismo, da visão a longo prazo sobre as vistas curtas, daquilo a que Abraham Lincoln chamou “os melhores anjos da nossa natureza”.
É dentro desse espírito que 56 jornais de todo o mundo se uniram sob este editorial. Se nós, com tão diferentes perspectivas nacionais e políticas, conseguimos concordar sobre o que deve ser feito, então certamente os nossos líderes também o conseguirão.
Os políticos em Copenhaga têm o poder de moldar a opinião da História sobre esta geração: uma geração que encontrou um desafio e esteve à altura dele, ou uma geração tão estúpida que viu a calamidade a chegar, mas não fez nada para a evitar. Imploramos-lhes que façam a escolha certa.


O PÚBLICO foi desafiado pelo jornal diário britânico The Guardian a participar neste projecto global. A ideia original de um editorial comum foi sugerida por várias pessoas envolvidas nas questões climáticas e tornada um projecto real por The Guardian. Foi com agrado que, ao longo dos dias, vimos o número de participantes crescer para 56 jornais de 44 países de todos os continentes. Aderimos por acreditarmos na urgência desta mensagem
.

in Público, Editorial (págs. 1 e 38) - 07/12/09

É verdadeiramente refrescante ver que ainda é possível unir a imprensa internacional e usar o jornalismo em prol de uma causa maior. Agora só falta unir o resto do mundo.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Nota mental

Bella domanda...

In una delle sue brevi poesie, John Averill (twitter.com/wiremesa) descrive una scena che coglie l’essenza della tua situazione astrologica: “Oggi è il giorno della foto della luna che sorge sull’Avana in un libro sullo scaffale di una baita coperta di neve”. Ti suggerisco un’interpretazione: la baita coperta di neve è dove sei adesso. La luna che sorge sull’Avana è dove potresti essere nel 2010. Come fai ad arrivarci?

In http://internazionale.it (Oroscopo)