sexta-feira, 11 de junho de 2010

Fim-de-semana campestre

Neste fim-de-semana, se alguém perguntar por mim, digam que fui desfrutar dos ares do campo. O tempo parece não estar numa de colaborar, mas sair da cidade por um bocadinho vai saber muito bem, faça chuva ou faça sol.
Até ao meu regresso, deixo-vos este querido para vos fazer companhia:


Gozo os Campos sem Reparar para Eles

Gozo os campos sem reparar para eles.
Perguntas-me por que os gozo.
Porque os gozo, respondo.
Gozar uma flor é estar ao pé dela inconscientemente
E ter uma noção do seu perfume nas nossas ideias mais apagadas.
Quando reparo, não gozo: vejo.
Fecho os olhos, e o meu corpo, que está entre a erva,
Pertence inteiramente ao exterior de quem fecha os olhos
À dureza fresca da terra cheirosa e irregular;
E alguma cousa dos ruídos indistintos das cousas a existir,
E só uma sombra encarnada de luz me carrega levemente nas órbitas,
E só um resto de vida ouve.

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"

2 comentários:

  1. acho que fazes muito bem em ir relaxar por uns dias.

    nada melhor que os ares familiares do campo para te animares e recompores de uma semana intensa de trabalho :)

    enjoy every minute*

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  2. Aproveite bem, e espero que consiga descansar e desfrutar do ar do campo, com ou sem sol é sempre bom. Beijos grande.

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