quinta-feira, 4 de outubro de 2012

E, de repente, quatro meses depois, voltou-me a apetecer escrever aqui. Bem sei que nisto dos blogues é suposto a pessoa estar sempre cheia de ideias e vontades irresistíveis, pelo menos quatro vezes por semana, mas a verdade é que nunca tive pretensões de ser uma blogger a sério.
Mas adiante...Nestes meses de reclusão blogosférica, terminei o estágio, passei pelo pior mês laboral da minha vida a trabalhar (ou deverei dizer a escravizar-me?) numa loja, em que as condições são dignas de uma fábrica no Bangladesh, terminei o meu relatório de estágio e entreguei-o a quem de direito, mandei currículos e desesperei com a ausência de respostas. E pelo caminho, passei mais um aniversário, que serviu sobretudo para me lembrar que a minha vida não é nada do que esperei que fosse, que este país não é nada do que gostaria que fosse e que o mundo nunca será aquilo que poderia desejar que fosse.
Mas, queixumes à parte, começo para a semana um novo emprego, que também não é propriamente aquilo que eu gostaria que fosse, mas que vem com um salário e um contrato e, por isso, sinto que, em pleno Outubro de 2012 e com tudo o que se tem passado nos últimos tempos, não tenho qualquer legitimidade para não me sentir com sorte pelo simples facto de alguém me ter empregado - o que, por si só, é um sintoma revelador do estado das coisas aqui no burgo, em geral, e em mim, em particular.

Entretanto, divertem-me as reacções indignadas contra a Cacharel por causa da famosa história da Diana. Pessoalmente, acho que o tiro lhes saiu pela culatra e que o tal perfume é capaz de não vender grande coisa por cá à pala desta brincadeira, mas não deixa de ser curioso o fenómeno que se criou em redor de uma campanha que se pretendia viral e surpreendente e, em vez disso, deixou um amargo de boca às almas românticas deste país... Quão deprimidos e vazios temos de estar para nos deixarmos indignar e entristecer ao descobrir que uma história de amor qualquer é afinal uma campanha publicitária? Que triste que é pensar que o país se agarra àquilo com que a comunicação social o alimenta e se desilude quando a história não corresponde às suas expectativas romantizadas. O que é grave não é a Cacharel ter optado por uma estratégia de Marketing que não agradou... É que essa estratégia tenha conseguido a proeza de por a nú a falta de amor e de esperança que reina na vida das pessoas, e o quão frágeis e permeáveis elas se tornam quando isso acontece...

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